Os Abutres Da Velha Democracia
Filipe Vaz Correia
Esta semana a sociedade Portuguesa foi invadida por tragédia, tumultos e desespero, por entre vitimas e vilões.
Sinceramente, no meio de tamanha turbulência, que levou à morte de um cidadão, ao ferimento de outro, um condutor de autocarro e a um jovem policia que se viu numa realidade que provavelmente jamais haveria imaginado, ou seja, um conjunto de vitimas numa ou noutra circunstancia, com diferentes graus de tragédia.
No entanto, muito já foi escrito e dito sobre estes acontecimentos, tristes e graves incidentes, desde o comportamento da policia, do preconceito, daqueles que revoltados respondem com desacatos, provocando assim mais conflitos e cometendo indefensáveis crimes...
Sendo assim prefiro inclinar-me sobre outro grave crime cometido à luz destes acontecimentos, o dos abutres que cheirando carniça se aproveitam desta tragédia para semear ódio, para cultivar uma cultura, passe a redundância, de guerrilha, do nós versus eles, do desprezo pela vida Humana desde que esta seja diferente da nossa, pela cor, pela raça, pela pobreza.
Falo do Chega e de André Ventura e Pedro Pinto, dois abutres "boçalizados" que, por entre, a capa de deputados vão semeando essa espécie de ódio profissional que cresce junto dos acéfalos preconceituosos que os seguem.
Admitir que esta narrativa possa ser defendida, difundida, sem quaisquer tipo de punição parece-me um erro primário da dita Democracia que em primeira instância tem de se defender daqueles que se perfilam para a destruir.
Este crime é mais grave do que qualquer outro, pois Odair talvez tenha fugido por receio, por medo, o policia talvez tenha atirado por falta de preparação para estar ali naquele terreno, naquela situação, agora estes...
Os que instigam o medo, saboreiam a tragédia, se vangloriam com a semente da desgraça alheia, estes não têm nem desculpa, nem perdão.
Somos hoje uma sociedade mais espartilhada e raivosa, em parte por culpa daqueles populistas que anseiam pela divisão para assim reinar, que se passeiam entre o esterco do seu ideário como consequência das suas ambições.
A sociedade tem de compreender que estaremos mais próximos do explodir de um barril de pólvora se alimentarmos estes discursos e aceitarmos esta narrativa como aceitável.
Não, o Chega não é um partido como os outros, não deve ser respeitado como os outros e muito menos ser aceite como os outros.
As televisões que aceitarem discursos como o de Pedro Pinto e não tomarem uma posição serão coniventes com o deteriorar do sistema Democrático...
E aí, apenas nos restará o Caos e com ele voarão os abutres de plantão que tanto ansiaram por esse momento.
Filipe Vaz Correia