Os intocáveis
Marco
Ontem, assistindo ao empate entre Manchester City e Feyenoord, não consegui tirar os olhos de uma coisa: o rosto de Pep Guardiola. Os arranhões que ele tinha estavam bem visíveis, e isso mexeu comigo de um jeito que nem o resultado do jogo conseguiu. Não é sobre o empate, mas sobre o que esses arranhões podem significar.
Sabemos que Guardiola é intenso, um perfeccionista, e que o futebol não perdoa falhas, especialmente para alguém no nível dele. Mas a pergunta que fica é: como estamos cuidando das pessoas por trás dos craques e gênios do esporte? Para mim, ver o Pep assim foi um lembrete brutal de como a pressão pode atingir qualquer um.
Automutilação ou não, aquilo é um grito de alerta. Se pensamos nele como 'intocável', talvez seja a hora de mudar isso. A saúde mental afeta a todos, e ignorar sinais como esses só perpetua o tabu. Eu já passei por momentos difíceis e sei o quanto é fácil esconder isso sob uma fachada de força. Por isso, ver figuras públicas como ele aparentemente lutando nos faz perceber que até os mais bem-sucedidos precisam de ajuda.
O futebol, com toda sua beleza, também é um ambiente tóxico muitas vezes. Torcedores, mídia, e até as estruturas dos clubes alimentam uma cultura onde se espera perfeição o tempo todo. O resultado? Muitos profissionais lidam com isso sozinhos, sem apoio real.
Se há algo positivo nisso, é que episódios como esse podem nos empurrar para conversas mais abertas sobre saúde mental. Pep pode ser só o catalisador de algo muito maior. E sinceramente, espero que ele receba todo o suporte que precisa. Porque, no final do dia, ele é só mais uma pessoa como nós, tentando lidar com o peso do mundo.