Pedaços De Mim
Filipe Vaz Correia
Libertem-me das amarras;
Soltem-me destes gritos que me perseguem
Arranquem os grilhões que me aprisionam
Apaguem as imagens que me atormentam
Tirem dentro de mim os olhares despedaçados
Os pedaços de gente esventrados
As almas desalmadas
Que enfim se encontravam perdidas
Naquelas estradas
Reféns do seu destino...
Pedaços de gente;
Despedaçados...
Despedaçados;
Pedaços de gente...
Caminhei sem parar;
Olvidei sem olvidar
Ousei continuar
Deixando para trás
O meu triste coração...
Viajando no meio da poeira;
Da cinzenta tristeza tão minha
Vendo mortos na fogueira
Num fogo interminável...
Fugi daquele terror;
Terror aprisionado àqueles que comigo se cruzaram,
E ali, entre sombras e poeiras, ficou também,
Um pedaço despedaçado,
De mim.