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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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14.08.20

Praia da Foz do Arelho


JB

 A melhor praia do mundo.

Só quem desconhece discorda.

 A Indonésia tem praias fantásticas, ouvi dizer que a Austrália é um mimo e as ilhas de Moçambique são duma beleza arrebatadora. O resto do mundo teria algo a dizer sobre a minha avaliação certamente, com cada país a defender as suas praias... mas lamento, não se comparam. 
 A Foz é a Foz. 
 Vindos das Caldas, Lisboa e de outras partes do país; pela estrada nova ou pela antiga, aproximamo-nos da Vila da Foz. É fácil reconhecê-la ao longe. Normalmente estão nuvens a tapar o sol e uma neblina mais ou menos densa. Aventuramo-nos no nosso carro ou mota, por dentro do nevoeiro. Passamos a vila e chegamos à marginal. Aqui a doutrina divide-se. Há os que preferem ir pela nova marginal, que passa por baixo do Palácio da Srª Viscondessa (descanse em paz) e os que preferem arriscar encontrar lugar, lá mais para o fundo, perto do Hotel do Facho e do Ala Norte. Os primeiros, mais cautelosos e muitas vezes com crianças, preferem o conforto e a paz da lagoa: uma zona da praia da Foz que se assemelha mais a um calmo lago, onde o perigo é pequeno e as famílias podem estar mais à vontade. Os segundos, são os puristas. Aqueles que preferem o encontro directo com o mar em toda a sua força e fazem figas para que a bandeira esteja amarela e poderem dar um mergulho rejuvenescedor no mar. A bandeira verde é um sonho impossível e a amarela sempre é melhor que a alternativa. Para o mar vão as famílias que desde há gerações o conhecem, jovens a planear o programa de logo à noite e claro, surfistas. Há ainda uma terceira opção, a aberta: o local onde a lagoa se encontra com o mar. Um encontro de duas personalidades tão diferentes (a calma lagoa e o frenético mar) só poderia ser épico. A corrente é sempre muito poderosa e de sentido variável conforme a maré esteja a encher ou a vazar, não é possível estar na água sem ser arrastado vários metros e as ondas parecem vir de todas as direcções. Essa opção é para os radicais, os malucos diria eu e de onde muitos não voltaram. Hoje em dia creio que é proibido ir para lá.
A emoldurar a praia, para além do mar e da lagoa temos os restaurantes. Nomeio um, acima de todos: A Cabana do Pescador. Não falo da qualidade do peixe, do cheiro a maresia ou da espetacular esplanada. Destaco apenas duas coisas, qual delas a mais memorável: a simpatia, cuidado e atenção do Carlos, Ana e restantes funcionários e a sapateira recheada que ninguém devia morrer sem provar.
 

   O leitor mais atento, terá reparado que eu falei em nuvens e neblina, algo que aparentemente não combina com praia. Muito menos com a melhor praia do mundo. É o que nós, amantes e conhecedores da Foz, mais apreciamos. Para alguém menos resiliente, a praia da Foz não serve; tem nuvens, vento e frio, quem quer isso numa praia? Mesmo que a 950 metros de distância esteja um sol abrasador e não haja uma brisa, a praia da Foz não se compadece, permanece gelada, sombria e indiferente. Mas muito de vez em quando, como um pavão vaidoso que encontra o amor, ela mostra toda a sua glória.

  Nesses dias, nós, os resilientes da Foz, sentimo-nos especiais. Os elementos alinham-se e a Foz que parecia escura, ilumina-se. As nuvens desaparecem e o sol brilha, o vento acalma e a areia convida.       Nunca houve uma praia com tantos sorrisos como a praia da Foz num dia de sol. Nesse dia, declaro sem medo, a Foz é a melhor praia do mundo. 
Hoje foi um desses dias.
Hoje, até a bandeira ficou verde e a sapateira soube melhor.

 

 

JB

 

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