PSD: Um Suicídio Anunciado!
Filipe Vaz Correia
O que pode fazer uma pessoa de centro direita ou direita conservadora neste panorama político Português?
Que caminho escolher?
Onde buscar o abrigo dos valores e dos princípios?
São questões cada vez mais prementes, mais importantes, neste quotidiano esquizofrénico que ameaça a Direita Portuguesa e a nossa Democracia.
Os dias foram passando desde que foi anunciada esta negociação entre o PSD e o Chega nos Açores, a poeira se levantando, os detalhes revelados, o espanto aumentado...
A decência, outrora fundamental, foi dando lugar ao desplante com que alguns foram deixando cair a máscara, sem reservas de travestir uma certa dignidade, em nome desse resgatar de poder.
Alguns, como Nuno Morais Sarmento ou Manuela Ferreira Leite, aceitaram catalogar o Chega como um partido racista, xenófobo e homofóbico, no entanto, justificaram com o poder, esse mirífico troféu, o acentuar da escolha.
Outros como João Miguel Tavares, está descoberta a sombra no dito Governo da SIC, vão um pouco mais longe, comparando a diminuição para 35 horas na Função Pública com a castração química, numa abjecta tentativa de normalização do pensamento Chegófilo.
Importa revelar, em defesa de João Miguel Tavares, que ele abomina o Chega, detesta o que estes defendem, mas as 35 horas é que lixaram isto tudo...
Agora temos de levar com a castração química.
Mas o que esperar de uma pessoa que começa o discurso no 10 de Junho, convidado pelo Presidente da República, com a palavra eu?
Pois é.
Parece que o termo é mesmo esse...
A normalização de um partido de Extrema-Direita, pejado de negacionistas, racistas, ressabiados, homofóbicos, num populista desfilar de bafientos pesadelos.
Os vendilhões do templo, incessantemente em busca da desgraça, aqui e acolá procurando o descontentamento para cavalgar a onda, aceites e normalizados como se tratasse de um pensamento comum.
Não, não é.
Um partido decente, do centro, centro direita, da direita liberal ou conservadora, não pode aceitar estar no mesmo espaço que este tipo de gente, muito menos negociar com eles.
Não o pode fazer por uma questão de decência, de dignidade, de respeito pela História e pelos seus trágicos ensinamentos.
Não pode!
O PSD acaba assim por se suicidar, pois alienará todos aqueles que votando normalmente no partido se recusarão a compactuar com este tipo de companhia eleitoral.
Quebrou-se uma linha que higienicamente jamais deveria ter sido quebrada pelos Sociais-Democratas.
O CDS ficará numa posição, ainda, mais difícil com este gesto de Rui Rio que ao aceitar conversar com o Chega estreita, em muito, o papel do CDS num futuro na Direita Democrática Portuguesa.
Enfim...
Tempos difíceis, reflexões intensas, medos e anseios que se cruzam num caminhar incessante por princípios que não deveremos abdicar.
O resultado de populismos e vendedores de ilusões está espalhado por esse mundo afora, da Esquerda à Direita:
Venezuela, Brasil, México, Estados Unidos, Itália, Hungria, Espanha...
Não faltam exemplos para que, por um momento, o PSD tivesse optado por gritar bem alto:
"Não somos como vocês!" Pablo Casado líder do PP, nas Cortes Gerais, para o líder do VOX.
É sempre tempo de aprender.
Filipe Vaz Correia