PSP: Protesto Ou Golpe De Estado?
Filipe Vaz Correia
Neste Sábado assistimos a mais um episódio de estupefacção neste nosso Portugal, mais um capítulo de uma escalada que nos poderá levar a tempos estranhos e longínquos.
O jogo Famalicão-Sporting foi adiado por falta de policiamento, pasme-se que não foi possível encontrar perto de uma dezena de polícias no grande Porto, devido a uma súbita doença que foi acometendo um conjunto de agentes da PSP...
Dir-me-ão que é apenas um jogo de futebol, pois sim, mas o que aqui importa reflectir e relevar é o gesto por trás do resultado, o método inerente a este tipo de atitude.
Não tenho dúvida que a Democracia Portuguesa está a ser vítima de um certo tipo de ambiente putrefacto, ligado a um determinado tipo de ideologias que tentam descredibilizar e minar os alicerces democráticos do regime, tendo a justiça e a segurança como cerne principal deste vector.
Alguém, no seu juízo perfeito, acredita que aqueles polícias adoeceram todos subitamente?
Que após a convocação de outros para os substituir, também esses se sentiram indispostos?
Que aquelas baixas não são fraudulentas?
Ou seja, poderemos todos ter presente que para um protesto concertado, os Polícias do Estado, cometeram uma fraude para poderem levar a cabo uma chantagem sobre o Governo e os seus cidadãos...
Parece-me preocupante e factual.
Mais, para incendiar o clima, um representante sindical em plena televisão nacional ameaça o Governo de que caso não satisfaçam os seus pedidos, os elementos policiais poderão impedir as eleições de 10 de Março, paralisando assim o País...
Exactamente isto.
Bem,se isto não é uma ameaça ao sistema democrático e à sociedade civil, então, sinceramente, não sei o que seja.
A PSP e os seus sindicatos estão há muito com sinais de um conjunto de elementos de extrema direita no seu seio, diria mesmo que o sistema judicial Português está com um problema de judicialização do regime democrático, tendo nas suas fileiras várias pessoas com tiques autocráticos, ungidos de uma certeza providencial que parece entroncar com o discurso e o interesse de um determinado partido populista.
Na minha opinião, se a democracia quiser sobreviver, não se transformar numa Hungria, numa Rússia ou numa Venezuela, deve olhar para este problema com firmeza e actualidade...
Quem passou os atestados médicos que levaram a esta "greve" policial?
Esta pergunta foi levantada, e bem, pelo Bastonário da Ordem dos Médicos...
Que doença acometeu estes agentes e de que maneira foram verificadas as suas patologias?
Até que ponto se pode considerar insubordinação as declarações do senhor do sindicato dos polícias?
Estaremos dispostos, em nome de discursos securitários, a ceder a ameaças que cheiram a golpe de estado?
Enfim algumas questões e desabafos que me acorreram neste fim de semana enquanto assistia estupefacto a estes acontecimentos...
De uma coisa estou certo:
A Democracia Portuguesa corre perigo e importa saber bem de que lado estamos.
Filipe Vaz Correia