Qatar: O Mundial Da Vergonha
Filipe Vaz Correia
Acompanho os mundiais de futebol desde que me lembro de mim mesmo, pelo menos desde o México 86, num caminho de encanto e deslumbramento de menino a adolescente, de adolescente a homem...
O futebol sempre fez parte do meu sonho, do querer que pulsa na alma mas sinceramente tenho de confessar o meu desencantamento e até tristeza com este mundial do Qatar 2022.
Uma vergonha...
Oiço falar de hipocrisia Europeia, de isto e de aquilo, sem que alguém me consiga explicar como se pode aceitar que a maior competição desportiva mundial possa ser disputada num país dirigido por uma das mais férreas e desprezíveis ditaduras actuais?
Vale a pena usar braçadeiras de arco íris para se promover o combate à Homofobia se aceitamos jogar num país onde a homossexualidade pode dar direito a pena de morte?
Podemos ser coniventes com um País onde uma mulher não pode sequer guiar?
Onde uma mulher não tem direito ao divórcio, ao livre arbítrio sobre o seu destino e vontade?
Podemos ser cúmplices com um País que para organizar este evento sujeitou trabalhadores imigrantes a trabalhos em condições sub-humanas, com um registo de mortes indescritível na construção destas infraestruturas?
Podemos ser coniventes com tudo isto?
Pelos vistos podemos.
Sinceramente deve ser a primeira vez que não vi os jogos inaugurais de uma competição deste género, sem deixar de imaginar aquele menino no México 86 antecipando as jogadas, dormindo e sonhando com as fintas de Diego Maradona...
E explicar-lhe no negócio em que se transformou o Mundial de Futebol.
Enfim...
Vai rolar a bola e por uns instantes façam silêncio, porque é hora de ignorar aquela coisa mais ou menos importante designada de Direitos Humanos.
Voltamos logo após o Mundial do Qatar.
Filipe Vaz Correia