Quando a Política se sobrepõe à Vida
Ana D.
Passou cerca uma semana sobre o sismo de Marrocos. Os seus efeitos foram e são devastadores. A imprensa referenciou-o como sendo o terramoto mais mortífero do país norte-africano desde 1960 e o mais forte em mais de um século. Mas a ajuda tem tardado, principalmente nas zonas montanhosas, mais remotas e isoladas.
As equipas de salvamento de Espanha, Reino Unido e Qatar e Emirados Árabes Unidos estão a ajudar as equipas de busca marroquinas, mas outras tantas aguardam que as suas ofertas de assistência possam ser aprovadas. Enquanto isso, os dias passam e a esperança de encontrar sobreviventes diminui, principalmente porque as casas mais comuns construídas com tijolo de barro desmoronaram sem deixar bolsas de ar.
As pessoas não têm nada. Têm fome e os seus entes queridos enterrados nos escombros.
Os pedidos por mais ajuda internacional pressionaram o governo de Marrocos. As equipas de resgate estão exaustas. Ainda assim, o governo marroquino optou por uma posição considerada por alguns, como cautelosa. Não quis arriscar com receio do caos na coordenação nas operações de resgate.
Enquanto isso... as pessoas não têm nada. Têm fome e os seus entes queridos enterrados nos escombros.
Claro que estes pedidos de auxílio são políticos. Claro que em certos casos a relutância ao pedido de auxílio decorre da crença de que aceitar o auxílio faria o Estado parecer fraco. Mas poderão estes, ser motivos suficientes para justificar a decisão de abandono das pessoas à mercê da sua sorte?