Rimance da caldeirada
Sarin
Caldeirada é nome dado
a prato de pescador
que, num caldeiro de barro,
cozeu peixe sem valor.
Levando de casa o naco
que na faina comeria
cedo viu o fundo ao saco
antes de acabado o dia...
Munido então de caldeiro
de cheiros, sal e mais nada,
atirou nele o pescado
e surgiu a caldeirada.
Se mais quereis que vos fale,
deste pitéu sei a rodos!
Há no nosso Portugal
Muitas caldeiradas com todos.
A caldeirada é comida
em restaurantes e tascas
mas para bem ser servida
tem de ter no fundo cascas.
Do calor afastarão
o peixe que há-de suar,
às batatas e aos cheiros
cozinhando sem pegar.
São tais cascas a camada
onde a cebola deitar,
depois de bem fatiada
e com os cheiros a tapar.
Não falte o pimento às tiras,
malagueta, alho e louro,
tomate cortado em cubos,
com ramo de salsa é ouro!
Nas batatas em rodelas
as postas de peixe deitar,
polvilhado a colorau
que o há-de avermelhar.
Façam-se várias camadas
sem a ordem alterar,
terminando com cebola
para o caldeiro atochar.
Depois das camadas feitas
Há ainda que regar
com vinho branco e azeite...
e o sal rectificar.
Em lume brando o caldeiro
tapemos, deixemos suar.
A tempos, ao leve agitemos
para as camas não quebrar.
E se as cascas lá no fundo
formarem boa camada
não há caldeiro que queime
e sai boa a caldeirada!