Será Que Ainda Nos Importamos?
Filipe Vaz Correia
André Ventura deu um salto qualitativo no seu populista argumentário, subiu um degrau, aumentou ao seu caminho um pedaço dessas memórias descritas nos livros de História.
Ao defender um cerco comunitário à comunidade Cigana, pelo singelo facto de estes serem Ciganos, o jovem André colocou os seus ideais ao nível Nazi, espécie de campo de concentração dos novos tempos.
E mesmo aqueles que buscam desculpas para parcialmente defenderem este tipo de idealismo, importa que saibam que esse "tranquilizante" de consciência será um singelo pormenor que poderá acalmar as suas mentes, nessa busca por conforto para as tamanhas barbaridades apregoadas, mas não os ilibará dos seus resultados.
Aqui pouco interessará o debate da ideia, da civilidade ou não dos Ciganos, mas a simples noção de se partir desse dado abstracto e generalizado, a comunidade Cigana, para uma medida concreta...
O Confinamento de toda uma Comunidade.
E depois?
Serão os Pretos, Castanhos, Amarelos, Cor de Rosa, Budistas, Vesgos, Coxos?
Chegará o tempo dos Sportinguistas?
Porque não?
Já viram esta personagem a debater futebol na CMTV?
Não foi assim com o Nazismo?
Não foi assim com Staline e os Gulags?
Não se partiu dos Judeus ou apoiantes dos Czarismo para um infindável mundo de traidores?
Chegaremos ao tempo em que mesmo os que passarem no crivo de todos estes critérios, irão temer o discordar da virgula, uma excrescência de pensamento que os difira dos demais...
Pois é assim que sobrevivem os populistas, enterrados num bunker das suas confinadas ideias, recusando o contraditório, fechando as portas a novos mundos, ao futuro que se atreve a chegar.
Ficar calado, silenciando a repulsa que sinto por este tipo de "políticos", não faz parte de mim, não se enquadra no homem que sou, que desejo ser, que almejo um dia ser.
Quando oiço este tipo de populismos recordo-me sempre de Claus Von Stauffenberg, um dos responsáveis pela Operação Valquíria...
E essa lição que me sobrou dessa tão nobre tentativa de resgatar a Alemanha de tão profundo pesadelo:
Se ousarmos ceder, nem que seja por um momento, depois poderá ser tarde demais.
Citando Lima Duarte:
"Os que lavam as mãos, o fazem numa bacia repleta de sangue."
Por essa razão, não só por essa, importa dizer Não!
Filipe Vaz Correia