Silêncio
The Travellight World
Hoje, ao passar os olhos por um jornal digital, deparei-me com o seguinte título: “Organização Mundial da Saúde diz que o nosso mundo é muito barulhento e que isso prejudica a nossa saúde”.
Será?
Durante anos nunca busquei conscientemente o silêncio. Não que me incomode ou que não goste dele, mas sempre adorei (e adoro) ouvir música. Ando, literalmente, com uma “banda sonora” atrás. Seja em viagem, a praticar exercício, a escrever ou a trabalhar, tenho quase sempre, música a tocar.
No entanto, neste último ano, uma vez por outra, dei por mim a desligar o som.
Talvez seja da idade, mas a verdade é que sinto que há um excesso de “barulho” à minha volta. Reparo que atividades antes silenciosas estão progressivamente a deixar de o ser. Os blogs por exemplo, estão a ser substituídos por podcasts; os livros por audiolivros; as fotografias de Instagram por Reels; e até as mensagens no telemóvel, antes escritas, são agora muitas vezes gravadas… Não sei se é preguiça de ler/escrever ou se é apenas o ritmo frenético em que vivemos que obriga as pessoas ao multitasking e portanto a procurar soluções que lhes permitam fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Há séculos que sabemos a importância da quietude. Em muitas religiões, o silêncio é até promovido como um processo vital de cura e não é de hoje que as pessoas se juntam em mosteiros para um retiro silencioso ou vão para as montanhas em busca de paz.
Assim como um computador, o nosso cérebro processa todos os dados que recolhemos ao longo do dia. E, assim como um computador, o nosso cérebro fica mais lento quando temos demasiados programas em execução.
Às vezes “desligar” é importante.
Cada vez tenho mais certeza disso.