É com muita pena que começo a pensar que este espaço semanal quase que se está a transformar num obituário. Não é essa a intenção mas também seria impossível não falar numa das maiores, senão a maior de sempre.

 Tive a sorte e o privilégio de a ver ao vivo em Alvalade, a miss 'hot legs' brindou todos os presentes com um dos melhores concertos de sempre. Passei  alguns dos melhores momentos da minha vida ao som das suas músicas, assim como grande parte da minha geração. Sabem aquela sensação de quando morre alguém próximo e nos ficamos a pensar que lhe devemos muito e nunca mais vamos ter a oportunidade de saldar essa dívida?

 Pois é assim que me sinto em relação a Tina Turner. 

 Lembro-me de ver o seu filme biográfico com a Angela Basset, de admirar o percurso de alguém que tinha tudo para falhar, para desistir, para ser algo que está muito na moda hoje em dia:  uma vítima. Vítima de uma América racista, de uma condição sócio económica frágil, de um marido abusador, vítima de tudo e de todos mas que se recusou. Foi precisamente o contrário, com um talento inigualável e uma vontade de ferro conseguiu ser muito mais que as suas circunstâncias e tornou-se num ícone, num exemplo de talento, de profissionalismo, de força e de invencibilidade.

 Obrigado por tudo Tina,  pelas canções, pela vida e que me perdoem os mais púdicos mas tenho que dizê-lo: pelas pernas. Que sejas recebida pela Rita Lee e por todos os outros que chegaram antes de ti como mereces. A rainha disto tudo.

JB