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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

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20.11.20

Só eu sei


JB


    Detesto déspotas, ressabiados, tiranos, gente malcriada e ordinária em geral. Sei que existem e sempre existiram, em todos os países, em todas as ideologias ou cores. São um mal geral. Apesar de abominar este tipo de gente, há um sub tipo que me incomoda mais. Aqueles que se dizem estar do meu lado.  Houve um que me doeu especialmente. Houve um que durante algum tempo achei ter destruído permanentemente qualquer coisa em mim. Que me roubou a infância de certa maneira, que me tornou cínico e desinteressado. Claramente já todos perceberam de quem estou a falar: do Bruno de Carvalho. O homem que me afastou do futebol.

  Esse louco foi presidente do meu amado clube de futebol: o Sporting Clube de Portugal. Em vez de mexicanos ou ciganos, enganou os tolos com os 'sportingados'. Ia contra o sistema, não queria que os sportinguistas lessem os jornais  e uma série de outros comportamentos característicos das personalidades que descrevi no primeiro parágrafo e que por me serem mais próximas, abomino ainda mais (com o Vale e Azevedo não me importava nada, por exemplo). Um alucinado, que só saiu do edifício Visconde de Alvalade escoltado pela polícia, que foi acusado e julgado (mas não condenado) de estar na origem de um ataque aos jogadores do clube feito pela claque do próprio clube. Tudo isto e muito mais foi traumático para mim (às vezes ainda acordo à noite com tremores e suores frios só porque tive um pesadelo com a Elsa Judas). Apesar de tudo, não foi isso que me afastou. Aquilo que me desanimou completamente, foi a quantidade de sportinguistas que eu achava serem como eu (minimamente sensatos) e que afinal não eram. Gostavam dele, queriam era ver o circo a arder e que quem não quisesse que se mudasse. Isso sim, mandou-me abaixo. Passei a dar muito mais importância ao futsal e ao ping-pong e fechei esse capítulo do futebol sénior na minha vida.

  Eis senão quando alguns amigos me começam a alertar: 'estamos a jogar bem, o Rúben Amorim é bom treinador'. Sem entusiasmo nem vontade, deixei este meu coração ainda magoado atrever-se a amar sem vergonha outra vez o seu clube de sempre. Posso agora com confiança dizer que a relação ainda não é séria e não se compara ao amor de outros tempos, mas há qualquer coisa. Quando vejo um treinador jovem, com um discurso claro e inteligente a ter resultados destes, sinto uma química. Quando reparo que a nossa equipa é constituída maioritariamente por miúdos do que restou das nossas escolas de formação, está em primeiro lugar, sinto um arrepio na espinha.  Quando vejo esses miúdos de verde e branco a passar a bola e a marcar golo, sinto borboletas no estômago. Não sei, nem sabe ninguém  o que o futuro reserva, mas começo a achar que há aqui qualquer coisa mais séria. 
  Com esta equipa voltei a saber uma coisa que já não sabia que sabia, uma coisa que muito pouca gente sabe, uma coisa que Só eu sei.

 

Obrigado Leões 

 

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