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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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14.10.20

Sobre o Orçamento de Estado


Sarin

O Orçamento de Estado para 2021 está aí, em discussão.

Não me levem a mal se não me alongo num tema assim importante, mas não tenho qualquer prazer em falar do que desconheço. Não pude, não tive oportunidade de o analisar. Mas tenho umas notas de rodapé que não me importo de partilhar, em jeito de prefácio.

 

1. Continuo sem perceber o aparato jornalístico que rodeia a entrega do documento. Quero dizer, aquilo que o Ministro das Finanças entrega ao Presidente da Assembleia da República é um testemunho do Governo, mas a entrega do OE não é uma corrida de estafetas. Tanto não é que ninguém sai penalizado quando a pen cai ou volta para trás.

Sim, enganos acontecem. Tenho para mim que o engano acertou no alvo: a celeuma, a comoção, o burburinho nas redes e na comunicação social - na "opinião pública" - validou, tanto quanto a opinião pública possa validar, quaisquer medidas que o Governo possa (in)tentar para nos poupar a sangria com o Novo Banco. Desejo meu e não facto? Correcto.

 

2. O BE e o PCP, tanto quanto é público, ou era ontem à noite, não engolem este orçamento. Nem com molho de tomate nacional, cuja produção garantiria mais postos de trabalho - e não o engolem, parece, porque não lhe vêem grande préstimo na defesa dos trabalhadores e da sociedade nestes tempos de pandemia. Não sei se terão razão - não estou, sequer, segura de ter razão no motivo que invoquei. Canto de ouvido, embalada pelo teclado e pela memória de fugazes notícias. Porque a razão não me é neste postal importante: é o clima de ameaça, de pressão que me está a deprimir.

O PS responsabilizará PCP e BE se o orçamento não passar. Marcelo ameaça com crise política, e os comentadeiros pegam na deixa, assumindo-a como certa e apenas faltando avançar datas - lobbie mais organizado do que este não há. Embora me pergunte se perceberão o antagonismo na fala comum, mas adiante.

Se a Esquerda não aprovar o OE, será por o PS não o querer rever. Onde está a dúvida?

Ah, se Rio fará o jeitinho? Não é dúvida, é certeza. Bastará que. Ou não recordam a panelinha das CCDR? Aconteceu agorinha - ontem, 13 de Outubro, com o beneplácito das ovelhas que não dos Pastorinhos.

E a tal "crise política" que Marcelo invocou servirá para mais tarde recordar quem salvou o país do impasse. Desejo meu e não facto? Nem um nem outro, mas aceito apostas. 

 

3. Em 2021 teremos o Plano de Recuperação e Resiliência a arrancar. E ainda estamos, estão, a gerir os fundos do Portugal 2020. Muito dinheiro, portanto. Três sacos, cada um maior do que o outro. Neste entretanto, terminou o mandato do Presidente do Tribunal de Contas, cargo cujo titular incumbe ao Primeiro-Ministro propor para nomeação. E António Costa, actual Primeiro-Ministro do Governo de Portugal, decide não reconduzir quem lá estava. Logo as vozes comentadeiras se elevam clamando interesses particulares, acusando a politização do TC [gargalhadinha], desenvolvendo teorias de cabalas e robalos... e de nada adianta a Costa invocar o acordo firmado com o Presidente da República sobre a não recondução em cargos de nomeação, de nada adianta Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República Portuguesa, confirmar tal acordo e realçar ter sido o PSD envolvido no processo

Sejamos sérios, porque assim é hilariante:

Ou o assalto que muito pública e labregamente acusam o PS, e apenas o PS, de estar a preparar será feito em conluio com o PSD, e nesse caso os comentadores da praça estão a omitir-se com violenta falta de vergonha;

Ou nada disto, e apenas a má-fé está na origem de tais ataques.

Má-fé em política? Voto nesta opção.

 

E voto para que os mecanismos de regulação e controlo funcionem. Muito. Muito mesmo. Não pelos assaltos anunciados mas pelo despautério na afectação dos recursos. Quero investimento nos cidadãos - em todos e não apenas em alguns.

 

E pronto, por hoje é isto que me apraz escrever. Saiu-me o prefácio mais longo do que previa, desculpem o mau jeito.

E fiquem bem. Fiquem, fiquemos sem que nos estraguem os planos. 

 

dia produtivo. em quantidade. [postal 1] [postal 2] [postal 3]

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