Por entre os espaços silenciosos da consciência, se escondem vontades e saudades desse ninguém que um dia fui... Esse ninguém por construir, sem passado, folha em branco carregada de ambição, esperança e determinação. Num sono pueril, aquela puerilidade imensa que se entrelaça em nós, onde tudo é possível, faz sentido, em contraponto, com esse destino que nos arrasa, nos derruba, nos desconstrói... Nesse sono, tão terno, sobram (...)
Folha em branco; Despida de palavras, Desnudada de pranto, Mágoas desvendadas, Em parte segredadas, Ao ouvido da consciência... Folha em branco; Sem desenho ou rascunho, Tão sincera e pueril, Imaculadamente ingénua... Folha em branco; Num vazio intemporal, Desgosto por cumprir, Na imensidão de um gigantesco sentimento... Folha em branco; Carregada de rasuras, Apagada esperança, Desse amor... Folha em branco; Repleta de oportunidades, Para reescrever, A (...)
28 anos! Assim de forma crua se desnuda essa verdade que esmaga e corrói, acelera o tempo e compassa a saudade. Faz hoje 28 anos que morreu uma das pessoas que mais amei em minha vida, um amigo de mão cheia, alguém que marcaria em dez anos cada pedaço de minha alma. O Luís era corajoso e desbravado, o mais corajoso de todos nós... Não pelo singelo murro numa briga ou pela força que o poderia caracterizar, nesse aspecto tanto o Nuno Pereira Campos ou eu éramos mais (...)
Estampado no rosto; entre chuva de verão se constrange o desgosto na palma da mão. Na ombreira da porta; por entre sombrias melodias reza a velha torta afagando as suas fantasias. Sem sonhos para sonhar; lágrimas para chorar sem anseios a suspirar ou vontades a chegar. E foi escrevendo o velho poeta; cada linha desta oração afastando os medos que despertam despertares do coração. Porque amar é a singela e derradeira vontade cimeira de eternamente sentir. F (...)
Nada é mais terapêutico do que cozinhar... Ou melhor, nada é mais terapêutico do que escrever... Adoro cozinhar, aquele singelo momento em que um conjunto de alimentos, misturados de acordo com a tua imaginação, acabam numa combinação perfeita, imprevisível, deslumbrante. Umas simples favas transformadas em sabor alentejano, uma bela feijoada despertando o palato para danças imperfeitas, um insignificante hambúrguer, envolvido em mozzarella e tomate, deslizando por (...)