Não gosto de generalizações. Porque há sempre excepções. Há sempre quem se sinta injustiçado. Há sempre alguém a quem sinto injustiçar. E, por isso, recorro a muletas que abram espaço a essas excepções.
No entanto, há uma excepção a estas excepções. Preferia-a inexistente, mas quanto mais leio, mais ouço, mais recordo, mais noto que é gigante, premente, urgente.
Os homens são agressores sexuais.
Sim, já sei, não são todos.
Pemitam-me invadir a vossa (...)
Segunda-feira soube-se que no dia 2 de Outubro encontraram um recém-nascido abandonado no Aeroporto Internacional de Hamad, em Doha, no Catar. Para detectar a mãe, as mulheres presentes em pelo menos dez aviões foram sujeitas a exames ginecológicos invasivos. Sem ordem judicial, assim, apenas porque as autoridades aeroportuárias entenderam.
No Catar são proibidas as relações sexuais fora do casamento, e uma mulher solteira grávida, ainda que vítima de violação, pode ser (...)
São vinte e três horas e vinte e sete minutos no momento em que início este postal, e reparo que o tempo não anda no relógio no canto do ecrã. Não anda o tempo ali, mas ando eu, andamos nós nesta Terra que não pára de girar em marcha-atrás - embora o calendário me garanta que avançamos.
Ruth Bader Ginsburg morreu. Como se uma peça de dominó caída, com a morte de RBG sinto caírem também as leis que supunha pedra, os direitos que acreditava firmes.
Pois, na (...)