Somos um país de emigrantes.
Aparentemente, recusamos ser um país de imigrantes.
Não, não me refiro aos xenófobos cuja mente nunca foi além da Taprobana, o eterno tasco com sandes de rissol e combinados nas raianas cercanias. Menos falo dos que, mais viajados, glorificam um passado que nunca foi nosso. É ao Estado que quero invectivar, o meu Estado, que recebe os imigrantes com uma polícia a que chama Serviço de Estrangeiros. E Fronteiras, o fosso instalado entre quem chega (...)
Eduardo Cabrita é (ainda) o ministro da Administração Interna. Ontem, numa conferência de imprensa, abordou o fatídico caso de Ihor Homenyuk sobre o qual escrevi a semana passada. Falou no despedimento da directora do SEF (já vai tarde) e quando lhe pediram satisfações sobre o tempo que demorou a agir ele declarou o seguinte: "Congratulo-me pelo facto de ter estado quase sozinho, perante o desinteresse de todos os comentadores, perante o desinteresse da generalidade da (...)
Ihor Homenyuk era um cidadão ucraniano de 40 anos, pai de uma menina de 14 anos e um menino de 9. Dia 10 de março esteve 15 horas retido numa pequena sala no aeroporto e foi 'interrogado' por três agentes do SEF. Morreu 2 dias depois, segundo a autópsia a morte foi provocada por uma paragem respiratória mas com marcas e lesões no corpo todo, de tal maneira que a própria directora do SEF (serviços de estrangeiros e fronteiras) declarou que se 'tratou de uma situação de tortura (...)