Todos os homens
Sarin
Não gosto de generalizações. Porque há sempre excepções. Há sempre quem se sinta injustiçado. Há sempre alguém a quem sinto injustiçar. E, por isso, recorro a muletas que abram espaço a essas excepções.
No entanto, há uma excepção a estas excepções. Preferia-a inexistente, mas quanto mais leio, mais ouço, mais recordo, mais noto que é gigante, premente, urgente.
Os homens são agressores sexuais.
Sim, já sei, não são todos.
Pemitam-me invadir a vossa intimidade com umas perguntinhas:
Quantos de vós, pais, precisando ir de viagem uns dias, deixam ou deixariam as vossas filhas adolescentes entregues a um vosso amigo que não tenha mulheres em casa?
Quantos de vós, maridos/namorados/companheiros, não ficam/ficariam incomodados por encontrar a vossa mulher a dançar ou a beber vinho com o vosso melhor amigo em vossa casa?
Pensem nisto por um bocado. Com sinceridade, apenas para vós. Se a vossa resposta for algo como "não me incomoda, é apenas aborrecido por causa do que podem dizer", pensem melhor. Pensem quem poderá dizer o quê, e porquê. E se descobrirem que serão os outros que o dirão porque a sociedade é machista, e que nada tem a ver convosco nem com o vosso amigo porque confiam nele a 100%, pronto, a 99,9%, descobrirão o 0,1% que abre a brecha na excepção e a torna generalização.
Não há uma única mulher que não sofra agressões sexuais. Mas estamos tão habituadas que nem as identificamos como tal.
Para a semana volto ao tema.
Por agora, meditem nisto. E fiquem bem. Com Tori Amos e a canção onde conta a sua própria história.