Um elogio a Trump
Sarin
A União Europeia acorda agora para o perigo que representam as economias chinesa e norte-americana.
Segundo noticia esta tarde o ECO, o Conselho Europeu para as Relações Externas (ou ECFR em inglês) tem estado preocupado com a agressividade destas duas economias:
Não sei como é processada tal informação na mente de quem escreve relatórios destes, mas a mim disparam-se-me todas as campainhas de alarme quando leio "proibição". Imaginem o ruído ensurdecedor que me assola quando, com a malfadada proibição, surge uma ingerência de terceiros. Porque, convenhamos, não sobrará muita soberania a um país quando outro o "proíbe" de fazer seja o que for no seu próprio território. No caso, "o país" são 27, mas dará no mesmo. Como é que pode alguém atrever-se a dar ordens, a proibir seja o que for a outro país?
Pode. Sempre pôde, há pelo menos um século que os EUA o fazem. Mas têm-no feito a outros, com o beneplácito de uma Europa afivelada nos seus próprios estômagos. Que, como todos sabemos, para uns são rúmen e para outros, barrete.
A política externa dos Estados Unidos da América sempre foi assim agressiva, egoísta, oportunista, apesar da viscosa moda de a considerarem benemérita e um "farol dos direitos humanos".
Créditos a quem os merece: Trump fez estalar o verniz que durante todo o séc. XX, e até há bem pouco, cobriu os nossos aliados do outro lado do Atlântico. Para alguns ainda cobre, mas a esses deu-lhes o destino cabeça para lhes segurar a língua com que afagam botas.
Por falar em verniz, a anunciada derrota do Presidente que supôs ter direito a três Nobel está a assombrar 70% dos norte-americanos, os confrontos anunciados para depois das eleições nublando mas não anulando a determinação. Que tem levado tantos e tantos a suportar as manobras dissuasoras nos estados republicanos: cidades com um único centro de voto, numa cave sem elevador nem arejamento; boletins de voto antecipado imprimidos e enviados aos eleitores sem o nome de todos os candidatos, tantas as manobras que vou lendo e esquecendo... e um Presidente a pedir que as milícias se mantenham alerta e que os seus apoiantes intimidem os eleitores à boca das urnas - o que levou os Procuradores-Gerais de diversos Estados a declararem policiamento e ordem de prisão a quem tentar tal ilegalidade. Noutro país, e já o POCUS teria mandado um contingente armado e um pacote de sanções, e a ONU e a UE clamariam tentativa de golpe e exigiriam observadores para garante da transparência nas eleições. Mas nada disso, afinal tudo se passa no "esteio do mundo livre", o "bastião da democracia", o "país dos checks and balances".
De novo, honras a Trump: conseguiu expor as muitas fragilidades da "robusta democracia" dos EUA.
E, com todos os medos e todas as contingências, os eleitores continuam horas e horas nas intermináveis filas, perdendo refeições, dias de trabalho, dias inteiros!, para submeterem o seu voto.
Trump talvez fique na história como o presidente que levou mais gente às urnas. E poderá, enfim, ter a sua cara no Monte Rushmore: lambendo o solo que não merece pisar.
Se notarem, comecei por referir o relatório do ECFR e as economias chinesa e norte-americana.. e apenas falei dos EUA. É natural; comparando com as políticas externas e comerciais dos EUA, as dos chineses são, realmente, coisa de doces meninos de coro.
E agora vou-me. Mas já volto. Para vos dar música ;)
Imagem: O Jornal Económico
e sim, a imagem é propositadamente pequenina. Trump não merece mais.
Disse que voltava.
Para vos desejar boa semana. E lembrar que dia 22 poderemos ouvir Trump e Biden num debate de microfone fechado. Deverá ser lindo assistir ao gesticular silencioso de Trump. Se este não sair a meio da emissão, como fez no 60 Minutos. Já no dia 23 os microfones estarão ligados para discutir o nosso Orçamento de Estado - que ainda será mais interessante. Aguardo ansiosa para ver o que ganharemos com este bem aplicado braço-de-ferro de Catarina e Jerónimo. Enfim, Stay Away SARS-CoV-2, trapalhadas e trumpalhadas, pouco estruturantes orçamentos e aplicações obrigatórias.
Fiquem bem, fiquem com Disturbed numa música de Simon & Garfunkel. Dedicada aos microfones que valem a pena.