Olafur Arnalds - Árbakkinn ft. Einar Georg (2016)
No carro, ouço Einar ler o poema, com a música em pano de fundo a evoluir até ao ponto de o calar, o deixar absorto, mudo pelas palavras ditas, talvez esmagado pela pujança melancólica das cordas em vibração.
Por causa das obras, a viagem para o trabalho torna-se num calvário diário. Trânsito alternado, semáforos improvisados, máquinas em movimento, poeira e pedras. Ponho o rádio mais alto para o ouvir numa dessas (...)
Tinha 9 ou 10 anos quando a minha mãe me comprou o livro “O Ano da Peste Negra” da colecção Viagens no Tempoe li-o num ápice. Os livros anteriores da mesma coleção também foram devorados num par de dias. Era uma forma divertida de aprender um pouco de história com muita aventura à mistura. Crianças e um cientista que viajavam no tempo até ao ano 1348, chegando a um Portugal fustigado pela peste negra. Anos mais tarde, dei de caras com o Camus e a sua “A Peste”. (...)
Paul Childs/Reuters Vejo o mundo com os óculos daquilo que sou: uma mulher, de quarenta e dois anos, mãe, heterossexual, ateia, cidadã de um país ocidental. Mas vendo o mundo com esses meus óculos, digo-me constantemente, relembro-me, de que aquilo que vejo, aquilo que interpreto no mundo que me rodeia, pode não ser exactamente aquilo que eu percepciono, pode ser apenas a minha visão, a minha versão daquilo que me rodeia. E pessoas com diferentes óculos verão e sentirão o (...)
O conceito de patriotismo sempre foi algo de difícil compreensão para mim. O que eu sou, enquanto cidadã portuguesa, é uma espécie de soma de todas as partes da minha vivência desde a nascença neste país – a língua, a geografia da minha terra natal, a cultura absorvida, a forma de estar, sentir, a forma de viver do núcleo de pessoas com quem convivi e convivo, ter estudado o que estudei, ter ouvido o que ouvi, ter falado com quem falei, pequenos fragmentos diários que ao longo (...)
A escola para onde crianças e adolescentes vão diariamente, onde os nossos filhos passam grande parte do dia, é como um microcosmos, um pequeno mundo, uma sociedade com todas as valências e dinâmicas de uma qualquer sociedade atual. Lá, tal e qual como no dia a dia dos adultos, forças são testadas, subjugações são tentadas, limites são cruzados para se perceber até onde é possível ir e regressar impune e incólume.
O que qualquer pai tem de perceber é que o seu filho, o (...)