Volodymyr Zelensky
The Travellight World
Como tantos de nós, passei as últimas semanas a olhar incrédula para a televisão, a assistir à bárbara invasão russa da Ucrânia e ao festival de horrores que se seguiu (e até hoje se mantém). Do mesmo modo porém, não consegui deixar de ficar impressionada com a incrível coragem da resposta ucraniana e em particular com a postura do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, um ex-comediante, transformado em político, que respondeu certa vez, com ironia, quando lhe perguntaram se precisava de ajuda para sair do país: "Eu preciso de munição, não de uma boleia.”
As crises expõe líderes fracos e forjam líderes fortes e Zelensky, chamado a agir nas piores circunstâncias possíveis, tem-se mostrado um homem à altura do desafio.
Diante de probabilidades desiguais, o presidente da Ucrânia manteve-se firme. Capaz de entender e refletir os valores e a identidade daqueles que lidera. Mostrar que a honra e o amor à pátria contam e, mais do que as palavras (que ele usa com mestria), o exemplo pessoal e a presença física no campo de batalha, inspiram quem precisa de lutar para não desaparecer, para não morrer.
Dizem os psicólogos que somos atraídos por líderes que representam o nosso grupo e Zelensky, parece-me, encarna bem esse papel.
Líderes não se tornam ícones apenas por serem as melhores versões de si mesmos. Eles também precisam traduzir as aspirações daqueles que lideram. Isso requer empatia e humildade.
Li algures que “carisma atrai atenção, coragem ganha admiração, mas o compromisso com o grupo é o que inspira lealdade”.
Zelensky mantém um sentido de proporção humana condizente com um líder democraticamente eleito: É impressionante sem ser imponente; confiante sem ser demasiado convencido; inteligente sem fingir ser infalível…
Ele sabe o que o seu povo precisa e faz o melhor que pode para lhe dar, mas não como aqueles políticos que se especializam em dizer apenas aquilo que as pessoas querem ouvir. Não. Ele faz questão de dizer aos ucranianos as duras verdades da guerra, de não esconder que a situação provavelmente vai piorar e de dizer aos supostos aliados que o seu apoio é insuficiente.
Esse foco nos outros, que parece estar acima do seu próprio medo ou ego, é aquilo que mais me fascina neste estadista, que seguramente, aconteça o que acontecer, já ganhou o seu lugar na História.