Zuckerberg “com sangue nas mãos”
JB
Nesta última quarta feira, nos Estados Unidos da América foi levada a cabo uma audiência do senado americano acerca da segurança infantil nas redes sociais.
O assunto é sério, muitas crianças suicidaram-se, foram exploradas sexualmente e muitas famílias foram completamente destruídas por intermédio do Facebook e outras redes sociais. O propósito desta audiência é, tanto quanto percebi, responsabilizar os donos destas empresas e aumentar a segurança implementada pelas mesmas.
As consequências são graves, as intenções parecem ser boas da parte do Senado e parece haver boa fé da parte dos CEO's destas empresas. À partida, estavam reunidos todos os ingredientes para ser uma sessão construtiva. Espanto dos espantos, não foi.
Foi uma farsa, uma palhaçada.
Uma plateia de mães e pais destruídos pela tragédia que seguram as fotografias dos filhos que já partiram. Senadores sedentos de atenção e que não sabem a diferença entre China e Singapura, que exigem ao Mark Zuckerberg que se vire para a plateia e peça desculpa aos pais e mães pelas mortes. "You have blood in your hands Mr. Zuckerberg." Gritou-lhe um senador enraivecido, mais concretamente Lindsay Graham, um senador republicano que defende as armas nas escolas e é contra qualquer tipo de restrições na venda de armas de fogo.
Foi um triste espetáculo nada construtivo. Gente sem coerência a vociferar e a bater no peito supostamente em defesa das crianças indefesas, gente que não faz absolutamente nada relativamente aos tiroteios nas escolas a não ser oporem-se a qualquer medida que retire armas de circulação. Bela preocupação com as crianças... Hipócritas.
Os mais humanos e ponderados no meio daquele triste espetáculo foram os CEO's das empresas, empáticos, com responsabilidade e até pediram desculpa pelo sofrimento daqueles pais.
Quanto aos pais só tenho respeito e consideração, estavam sedentos de vingança e com o ânimo destruído. Queriam culpados, como se fossem uma multidão cuja família foi devastada pela peste negra e queriam culpar as bruxas e vê-las na fogueira.
Em vez de serem resguardados e acompanhados, foram expostos e usados como armas de arremesso.
Enfim, o melhor é não contar com o Senado americano, nem com os CEO's para proteger as crianças. O melhor é cada família cuidar o melhor que sabe e pode dos seus, especialmente se viverem nos Estados Unidos.
JB